terça-feira, janeiro 30, 2007

 
ZODÍACO DO MAL

I - Capricórnio

Quando Saturno se despe do Mal,
Por entre estrelas do Acaso
Desce Noite sem igual:
Velha imagem, melancolia que descaso
Do banal: no seio da Loira
Imperatriz
Cadáver pensativo
Vaga.
Luar capricorniano:
Necessária negatividade.

II - Touro

No cabeceio de constância,
Taurina
Influencia.
Que terra brota
Sensual
De seu carma?
Uma planície
Espartana
E a constância
Novamente
Repetida.
Mas agora fatal
No ressentimento ardente.
Isso é ciclo comum:
Dessa faceta
Sorriso de força se abre.
E a cabeça contra o muro.

III - Escorpião

Aquela meiguice
Do macabro,
Com o ferrão
Soterra jeitos e gestos
Venezianos:
Canais e máscaras.
Mas não adianta.
Sempre se sabe
Quem está ali, scorpio...

IV - Libra

Veste de cordialidade
Tensamente (no íntimo)
Descoberta:
Ser Balança
É dar de ombros.
Assim, escapa-se.

V – Gêmeos

Pressa.
A necessidade de Pressa.
Só lhe detém a Pressa
A incoerência;
A divisão
Entre o elemento eterno
E o superficial.
Mas logo, de repente,
Eis a necessidade de Pressa
Intrínseca
Nas faces univitelinas.

VI - Virgem

Virgo.
Virgem.
Mas experiente
Sobre os sulcos vaidosos.
Sulcos, nos gestos somente.

VII - Aquário

É verão
Por essência
De loucura.
Não basta água.
Os vidros precisam ser transbordados.
E, imprecisamente,
Anêmonas
Queimam
E continuam água.

VIII - Peixes

Detestável é o alicerce.
O que vale é o Castelo.
Olhar vidrado no sonho.

IX - Sagitário

Por capricho,
A Ira.
Por teimosia,
A teimosia.
Centauro recusa
Acertar-se:
Há certo, ele.

X - Áries

Casco fendido:
Pode afobar pacífico,
Pode deprimir incendiário
E insiste tudo como pode
O rebanho de Abril.

XI - Câncer

Silêncio arcaico,
Tal como a palavra enfarruscado,
Mina-o.
De lado, calado,
Caranguejo no armário.

XII – Leão

Andaime de queixo erguido.
Poder para o Imperador
Augusto.

(Matheus Fontella - Dezembro de 1998)

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