sexta-feira, outubro 27, 2006
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Modelo desfila coleção do estilista Mossimo na semana da moda da Cidade do México. Reprodução AFP.
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Na foto da AFP, bombeiros tentam apagar fogo ateado a carros na cidade francesa de Loos, no aniversário de um ano dos confrontos de rua. Ônibus também foram queimados próximo a Paris.
IDA
Sempre dedicada, embora aviltada e ofendida.
Hoje, ela foi demitida.
Ficou, é claro, deprimida.
Se imaginou louca, suicida.
Pensou em sua casa após a saída
Da empresa, essa que era sua vida,
Agora meio morta, meio perdida.
Tinha algum trocado, pegou táxi, deu a partida
O carro, tal como seu orgulho e sua querida
Rotina de papéis e de batida
De ponto, mas tudo muda com o soco na mesa mais temida,
A do chefe, que um dia, enfim, triunfaria: “despedida!”
Já no lar, ela que se chama Ida,
Pegou no colo o filho pequeno, ela que é ‘pãe’ e ‘marida’,
Beijou-o com uma lágrima contida,
Pensou, falsamente decidida,
Que superaria essa situação indefinida:
Hoje, amanhã e depois com que guarida?
Por sorte, tinha o seguro, o fundo, mas ficou contraída
Quando lembrou que tudo acaba diante de seu destino já de envelhecida
Mulher de 30 e poucos anos, sofrida, sofrida,
O ex sempre ausente, presente só na bebida
Ou nalguma cama prostituída.
E assim passaram três anos e ela continuou sendo aquela Ida
Levada pelo esforço de uma vida diminuída,
Porém, ainda com a esperança, por teimosia, não ida,
De, no Amanhã, ser formalmente readmitida.
(Matheus Fontella)
Sempre dedicada, embora aviltada e ofendida.
Hoje, ela foi demitida.
Ficou, é claro, deprimida.
Se imaginou louca, suicida.
Pensou em sua casa após a saída
Da empresa, essa que era sua vida,
Agora meio morta, meio perdida.
Tinha algum trocado, pegou táxi, deu a partida
O carro, tal como seu orgulho e sua querida
Rotina de papéis e de batida
De ponto, mas tudo muda com o soco na mesa mais temida,
A do chefe, que um dia, enfim, triunfaria: “despedida!”
Já no lar, ela que se chama Ida,
Pegou no colo o filho pequeno, ela que é ‘pãe’ e ‘marida’,
Beijou-o com uma lágrima contida,
Pensou, falsamente decidida,
Que superaria essa situação indefinida:
Hoje, amanhã e depois com que guarida?
Por sorte, tinha o seguro, o fundo, mas ficou contraída
Quando lembrou que tudo acaba diante de seu destino já de envelhecida
Mulher de 30 e poucos anos, sofrida, sofrida,
O ex sempre ausente, presente só na bebida
Ou nalguma cama prostituída.
E assim passaram três anos e ela continuou sendo aquela Ida
Levada pelo esforço de uma vida diminuída,
Porém, ainda com a esperança, por teimosia, não ida,
De, no Amanhã, ser formalmente readmitida.
(Matheus Fontella)
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Nesta data, 27 de outubro, em 1978, a União é responsabilizada, por decisão da Justiça Federal, pela tortura e morte do jornalista, da TV Cultura paulista, Vladimir Herzog, ocorrida em outubro de 1975, no infame Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo. A primeira versão divulgada pelos círculos militares, todos ataulmente sabem disso, é de que Herzog havia se suicidado. O resultado da condenação foi devido a um forte mal-estar generalizado na sociedade brasileira em relação às perseguições da ditadura militar contra militantes políticos, em todo o Brasil, após a expressiva vitória do MDB nas 'eleições' de 1974. Tais práticas torpes foram admitidas pelo general-presidente da República Ernesto Geisel, também em outubro, neste mesmo dia, mas antes, em 1976.
Moral da história: no domingo agora, dia 29, não importa qualquer resultado, votando ou não votando, lembre-se: a democracia, às vezes, e sobretudo no Brasil, país de jovem governança sem autoritarismo de Estado, pode não ser o melhor regime para escolher, porém é o melhor para se fiscalizar e punir maus governantes, havendo manifestações relativamente livres de opinião acerca deles. Não se esqueça: muita gente tem seqüelas ainda hoje ou morreu batalhando por isso. E para lembrar, de uma maneira menos sinistra, todavia contudente, o quão estupídos foram os 21 anos de regime militar no Brasil, (re)lembre isto:
No final dos anos 1960, censores buscaram, em São Paulo, o dramaturgo de uma peça teatral apontada como subversiva. O autor? Um tal de grego chamado Sófocles!
Dom Hélder Câmara, famoso religioso católico brasileiro e denunciador das atrocidades do regime militar, ao ser aborbado pelo Exército e indagado "onde estava?", respondeu: estou em todos os lugares, com o Pai, o Filho e o Espírito Santo!
Ferreira Gullar, poeta, crítico de arte e gênio da raça, teve sua casa revirada, sob o olhar dos filhos, no Rio de Janeiro, e antes de ir em cana, junto com mulher, conseguiu pedir aos astutos policiais do regime se poderia tomar um copo de leite. 'Pode' foi o que ouviu. E então no congelador da geladeira escondeu sua agenda com diversos nomes e endereços de parceiros anti-autoritarismo.
E, para fechar, a crônica mais surreal: o jornalista Paulo Francis (Waaaaaaalllll), sim, aquele mesmo, à época no Pasquim, depois de sair do xadrez, declarou que a pior tortura que sofreu foi a de um carcereiro que ouvia no rádio Wanderléa o dia inteiro!
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O topázio brasileiro 'El Dorado', considerado o maior do mundo, é exibido em Málaga, na Espanha. Achado em 1984, tem 31 mil quilates (aproximadamente 6,2 quilos) e valor incalculável, conforme especialistas. Reprodução da agência EFE.
LEMAS
"No domingo, Vota Brasil. Na segunda, Foge Brasil".
"No domingo, Vota Brasil. Na segunda, Foge Brasil".