segunda-feira, janeiro 08, 2007
AS SETE SEREIAS DO LONGE
I – O si-mesmo
Quando a vida
É o mar distante,
Quando a vida
É o domingo à noite,
Quando a vida
É o sonho apenas,
Não se mate,
Não desperdice a corda,
Não incomode a bala,
Pois como matar o eu,
Ele que morto já se sente?
II – O céu
O céu,
Que ao se chegar perto,
Apresenta mais céu
Para se chegar perto,
Não deve ser
O paraíso.
III – A felicidade
Tirar o mel
Do sal da Noite
Talvez seja por isso
Que todo otimista
Se arrume tanto
Para ir ao bar.
IV – A aventura
Aquela,
Aquela viagem
Que a gente já fez
E que nunca termina.
Aquela,
Aquela praia
Que nunca estivemos
E é sempre um pouco mais do mar.
É, a viagem e a praia:
Uma, foi a aventura amada.
A outra, o amor sem ventura,
Ventura
Assim mesmo,
Sem o ‘a’ inicial,
Sem a areia
Ao fim da onda...
V – O longo atalho chamado poesia
Se a Poesia
Da vida
Fosse um atalho
Curto,
Eu pediria
De bate-pronto
Amizade com o rei
E a presença
De todas as mulheres
Que não terei.
Iria ser o meu verdadeiro gol de placa.
Mas a Poesia
Toma sempre um atalho longo,
Rente à trave:
A Poesia é o drible de Dener.
A Poesia é o ‘folha-seca’ de Didi.
A Poesia é a perna mais torta de Garrincha.
A Poesia é a meta
Que parece não existir...
VI – A esperança vendada
Recorde
A vista mais bonita
De seu melhor mar.
Construa,
Muito além desse oceano,
Sua casa de praia, seu castelo
E para lá
Procure levar
Essa certeza:
A esperança vendada
É um farol cego.
VII – A saudade sem objeto
O cansaço de quem busca.
A distância do que não se sabe.
Mais dias,
E o cansaço
E a distância.
E nunca,
Nunca foi expressa
A procura.
Ficou assim,
Saudade
Sem objeto.
(Matheus Fontella - Maio/01 e Outubro/04)
I – O si-mesmo
Quando a vida
É o mar distante,
Quando a vida
É o domingo à noite,
Quando a vida
É o sonho apenas,
Não se mate,
Não desperdice a corda,
Não incomode a bala,
Pois como matar o eu,
Ele que morto já se sente?
II – O céu
O céu,
Que ao se chegar perto,
Apresenta mais céu
Para se chegar perto,
Não deve ser
O paraíso.
III – A felicidade
Tirar o mel
Do sal da Noite
Talvez seja por isso
Que todo otimista
Se arrume tanto
Para ir ao bar.
IV – A aventura
Aquela,
Aquela viagem
Que a gente já fez
E que nunca termina.
Aquela,
Aquela praia
Que nunca estivemos
E é sempre um pouco mais do mar.
É, a viagem e a praia:
Uma, foi a aventura amada.
A outra, o amor sem ventura,
Ventura
Assim mesmo,
Sem o ‘a’ inicial,
Sem a areia
Ao fim da onda...
V – O longo atalho chamado poesia
Se a Poesia
Da vida
Fosse um atalho
Curto,
Eu pediria
De bate-pronto
Amizade com o rei
E a presença
De todas as mulheres
Que não terei.
Iria ser o meu verdadeiro gol de placa.
Mas a Poesia
Toma sempre um atalho longo,
Rente à trave:
A Poesia é o drible de Dener.
A Poesia é o ‘folha-seca’ de Didi.
A Poesia é a perna mais torta de Garrincha.
A Poesia é a meta
Que parece não existir...
VI – A esperança vendada
Recorde
A vista mais bonita
De seu melhor mar.
Construa,
Muito além desse oceano,
Sua casa de praia, seu castelo
E para lá
Procure levar
Essa certeza:
A esperança vendada
É um farol cego.
VII – A saudade sem objeto
O cansaço de quem busca.
A distância do que não se sabe.
Mais dias,
E o cansaço
E a distância.
E nunca,
Nunca foi expressa
A procura.
Ficou assim,
Saudade
Sem objeto.
(Matheus Fontella - Maio/01 e Outubro/04)