terça-feira, dezembro 26, 2006

 
CINCO POEMAS

1. Balcão

Desculpe-me,
Você faz parte
Daquela massa
De pessoas supérfluas
Ao sistema.
Numa próxima vez
Não se esqueça
De fixar isso
Em sua testa.
Quero que entenda,
Está difícil
Ingressar
Ou retornar.
Minha sorte
É estar aqui
Ainda
Neste balcão.

2. Sociedade

Economistas
Em Brasília
E leões-de-chácara
No Clube Ali da Esquina
São parentes
Distantes,
Porém, coerentes.
Ambos
Barram na porrada
Os estranhos
Ao quadro social.

3. Vigilância Sanitária

Antes
A diária indigestão
E o mau-cheiro
Dos democratas
Do que
O regime
E a lavagem
Dos tiranos.
O porém
É que na receita
Do bolo latino
-americano
Somos todos
Bananas verdes...

4. Bigorna

A tua fome atirada
Contra o prato de alumínio.
A tua fome atirada
Contra as paredes de papel.
A tua fome atirada
Contra a porta fechada.
A tua fome atirada
Contra a cadela de luxo.
A tua fome atirada
Contra a alma católica.
A tua fome atirada
Contra o teto das estrelas.
A tua fome atirada
Contra os projetos de Brasil...

5. Precariedade

Esta poesia
Está repleta
De apenas e somente.

O que vejo não é o Canadá.

(Matheus Fontella)

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