quarta-feira, outubro 04, 2006
DURAÇÃO
Eram quatro: uma de blusa verde
Musgo, ao contrário do verde
De seus olhos, mais claros, vivos.
Eram quatro diferenças, vivos
Opostos de belezas complementares.
Três embarcaram na primeira estação
Do trem urbano, na lotada estação
Do Mercado Público e do Verão à tardinha,
Quando a multidão, sempre, sempre à tardinha,
Distingue, ao acaso, belezas complementares.
A segunda moça, ao lado da de blusa verde,
Vestia negro e bege, até que outra de verde
Íris embarcou, ofegante, na segunda
Estação, lotada, à tardinha de segunda,
Dia de dificuldades complementares.
Parecendo mais madura, a recém-chegada
Completou perfeita aquela bancada
De trem urbano, onde a ainda mais bela,
De blusa rendada branca, bela
Em seus relevos e no que escondia,
Pôs no colo livreto de capa vermelha,
Tão nele concentrada, que, nem de esguelha,
Deve ter notado a preocupação
Das outras três, tamanha preocupação
Em seus relevos e no que trazia
Ao trio explosões à flor da pele,
Pois uma roía as unhas até a pele
E a chegada por último em espasmo estendia
Seu corpo à frente desse reteso dia,
Que, em seus relevos, encantava
Feito o sol morrendo no rio Guaíba
O sol morrendo, morrendo no rio Guaíba
Atrás da primeira mulher, de verde
No olhar, na blusa e na distraída tensão, verde
Sinal para só se ver dentro de si,
Alheia, como distraído eu estava
Com aquele belo quarteto, como eu estava
Absorto, quer dizer menos do que o sol
Morrendo no rio Guaíba, o sol, o sol
Belo numa segunda-feira para só se ver dentro de si,
Como eu via, auto-mergulhadas,
Aquelas quatro mulheres, dadas
Às minhas impressões como um trem
Que avança, recorta, avança, um trem
Como aquela presença morrendo
De quatro mulheres, uma de verde,
Duas de preto, a quarta de branco e de verde
No olhar como outras duas, enquanto
A de olho castanho roía a unha do Enquanto
Como aquela presença morrendo...
(Matheus Fontella)
Eram quatro: uma de blusa verde
Musgo, ao contrário do verde
De seus olhos, mais claros, vivos.
Eram quatro diferenças, vivos
Opostos de belezas complementares.
Três embarcaram na primeira estação
Do trem urbano, na lotada estação
Do Mercado Público e do Verão à tardinha,
Quando a multidão, sempre, sempre à tardinha,
Distingue, ao acaso, belezas complementares.
A segunda moça, ao lado da de blusa verde,
Vestia negro e bege, até que outra de verde
Íris embarcou, ofegante, na segunda
Estação, lotada, à tardinha de segunda,
Dia de dificuldades complementares.
Parecendo mais madura, a recém-chegada
Completou perfeita aquela bancada
De trem urbano, onde a ainda mais bela,
De blusa rendada branca, bela
Em seus relevos e no que escondia,
Pôs no colo livreto de capa vermelha,
Tão nele concentrada, que, nem de esguelha,
Deve ter notado a preocupação
Das outras três, tamanha preocupação
Em seus relevos e no que trazia
Ao trio explosões à flor da pele,
Pois uma roía as unhas até a pele
E a chegada por último em espasmo estendia
Seu corpo à frente desse reteso dia,
Que, em seus relevos, encantava
Feito o sol morrendo no rio Guaíba
O sol morrendo, morrendo no rio Guaíba
Atrás da primeira mulher, de verde
No olhar, na blusa e na distraída tensão, verde
Sinal para só se ver dentro de si,
Alheia, como distraído eu estava
Com aquele belo quarteto, como eu estava
Absorto, quer dizer menos do que o sol
Morrendo no rio Guaíba, o sol, o sol
Belo numa segunda-feira para só se ver dentro de si,
Como eu via, auto-mergulhadas,
Aquelas quatro mulheres, dadas
Às minhas impressões como um trem
Que avança, recorta, avança, um trem
Como aquela presença morrendo
De quatro mulheres, uma de verde,
Duas de preto, a quarta de branco e de verde
No olhar como outras duas, enquanto
A de olho castanho roía a unha do Enquanto
Como aquela presença morrendo...
(Matheus Fontella)