terça-feira, agosto 22, 2006
FOLCLORE: RESGATANDO RAUL BOPP
Hoje, Dia do Folclore, este blog homenageia um grande poeta, jornalista, diplomata e aventureiro gaúcho e brasileiro, reverenciado por gente como Manuel Bandeira e Murilo Mendes, e que deve ser recuperado de um relativo esquecimento: Raul Bopp (1898-1984). Ele é o autor, entre outras grandes obras, de Cobra Norato (1931), livro fundamental do Modernismo brasileiro, um monumento poético, literário que adapta o mito amazônico da Cobra Grande (ilustração) para contar a história de um homem que, apossando-se da pele do monstro, sai a correr o mundo. Espécie de autobiografia enviesada, Bopp foi um grande desbravador, trabalhou até como pintor de paredes para sustentar-se e conhecer assim toda a região amazônica. Mas também homem culto e cosmopolita, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, viveu em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília, Los Angeles e na capital suíça, Berna. Abaixo, um trecho da poesia envolvente de Cobra Norato:
"Esta é a floresta de hálito podre,
parindo cobras.
Rios magros obrigados a trabalhar.
A correnteza arrepiada junto às margens
descasca barrancos gosmentos.
Raízes desdentadas mastigam lodo.
A água chega cansada.
Resvala devagarinho na vasa mole
com medo de cair.
A lama se amontoa.
Num estirão alagado
o charco engole a água do igarapé.
Fede...
Vento mudou de lugar.
Juntam-se léguas de mato atrás dos pântanos de aninga.
Um assobio assusta as árvores.
Silêncio se machucou.
Cai lá adiante um pedaço de pau seco:
Pum
Um berro atravessa a floresta.
Correm cipós fazendo intrigas no alto dos galhos.
Amarram as árvorezinhas contrariadas.
Chegam vozes."
Hoje, Dia do Folclore, este blog homenageia um grande poeta, jornalista, diplomata e aventureiro gaúcho e brasileiro, reverenciado por gente como Manuel Bandeira e Murilo Mendes, e que deve ser recuperado de um relativo esquecimento: Raul Bopp (1898-1984). Ele é o autor, entre outras grandes obras, de Cobra Norato (1931), livro fundamental do Modernismo brasileiro, um monumento poético, literário que adapta o mito amazônico da Cobra Grande (ilustração) para contar a história de um homem que, apossando-se da pele do monstro, sai a correr o mundo. Espécie de autobiografia enviesada, Bopp foi um grande desbravador, trabalhou até como pintor de paredes para sustentar-se e conhecer assim toda a região amazônica. Mas também homem culto e cosmopolita, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, viveu em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília, Los Angeles e na capital suíça, Berna. Abaixo, um trecho da poesia envolvente de Cobra Norato:
"Esta é a floresta de hálito podre,
parindo cobras.
Rios magros obrigados a trabalhar.
A correnteza arrepiada junto às margens
descasca barrancos gosmentos.
Raízes desdentadas mastigam lodo.
A água chega cansada.
Resvala devagarinho na vasa mole
com medo de cair.
A lama se amontoa.
Num estirão alagado
o charco engole a água do igarapé.
Fede...
Vento mudou de lugar.
Juntam-se léguas de mato atrás dos pântanos de aninga.
Um assobio assusta as árvores.
Silêncio se machucou.
Cai lá adiante um pedaço de pau seco:
Pum
Um berro atravessa a floresta.
Correm cipós fazendo intrigas no alto dos galhos.
Amarram as árvorezinhas contrariadas.
Chegam vozes."