quarta-feira, março 22, 2006

 

O SOM & A IMAGEM (MUSEU EM SP E FAVELAS NO RJ/RS/SP)

Duas coisas boas neste 2006, de forte impacto, para mim são a inauguração do Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo, e o documentário "Falcão - Meninos do Tráfico", com cenas nuas e cruas da bandidagem envolvendo crianças e adolescentes nas periferias de Rio, São Paulo e Porto Alegre, complementando livro que saiu no ano passado sob assinatura também dos responsáveis pelo vídeo, MV Bill e Celso Athayde (além do ex-secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, no caso da obra impressa). Não é a primeira vez que há uma certa comoção com imagens de uma realidade concretíssima em nossas mentes - lembro de minha caixa de e-mails sendo entupida de mensagens do tipo "vá ver" quando saiu o filme Cidade de Deus... E esse tipo de 'febre', alvoroço houve antes na época do lançamento de Pixote (que velho, mas não!) e de Carandiru, etc, etc. Imagens, áudios, sempre chocam mais, não é? É, mas galinhas também chocam... E tudo permanece igual desde as capitanias hereditárias... Claro, de vez em quando enforcam o (mártir mesmo) Tiradentes ou então elegem o (messias) Collor e o (analfabeto-funcional-que-não-quer-abandonar-essa-condição-porque-deslumbrado-e-realizado) Lula...

Museu vivo

O legal foi a iniciativa do Picolé-de-Chuchu do Alckmin com o ministro samba-canção Gilberto Gil. E escrevo isso sem ironia, embora seja para destacar o ato, não as figuras. Museu da Língua Portuguesa. Soa tão bem, poético, perde em beleza apenas para "mulher brasileira"! Estava na hora de um espaço assim (que espero não morra no descaso, mal de nossos museus e bibliotecas, e no excesso de boa intenção), tecnológico, interativo. É uma pena que não esteja vivo o saudoso José Paulo Paes, excelente tradutor e poeta, um dos caras que saiu para defender numa revista Veja as letras dos Mamonas Assassinas ("porque palavrão também é língua", em paráfrase minha, de memória), isso enquanto traduzia escritores eruditos (dos bons) como o grego, Prêmio Nobel, Yorgos Seféris, do inglês Auden, do alemão Hölderlin ("quens são"? tsc, tsc). Pena também que não esteja vivo (fisicamente) meu Pai, lendo Camus ou evocando um tio dele, Alexandre, que, em meio a mesmice da lide campeira no Rio Grande do Sul, lá no tempo do onça, dizia-se realizado pela aquisição (cara) de Os Lusíadas! Ai, ai, ai (como martela a música da novela Belíssima) acho que vou escutar algum CD para aliviar-me com lirismo, talvez o do Calcinha Preta (!), ou do Charlie Brown Jr (!!). Brasil, tão rebaixado, tão poderoso!

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